
Os putos
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.
José Carlos Ary dos Santos
Um dos meus poemas favoritos....
5 comentários:
Também gosto do poema, embora não seja o meu preferirdo do Ary dos Santos.
Curioso é que não acho piada nenhuma ao fado que tem essa letra.
Bjca*
PS - É bom ter-te de volta, depois de um tempo de greve ao blog :)
Gosto imenso do teu fundo e tenho andado a tentar por um do género no meu mas não consigo. Podes-me dizer como se faz, sff?
Obrigado, consegui. Acho que ficou mesmo giro=D
Obrigado, consegui. Acho que ficou mesmo giro=D
Hum, aleluia que estás de volta!
Ao contrário da mafalda, gosto do poema e até gosto do fado. lol
Beijinhos.
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